A Câmara Municipal de Campina Grande realizou, na noite desta segunda-feira (6), uma Sessão Solene em homenagem ao artista e diretor de teatro Humberto Lopes, que recebeu o Título de Cidadania Campinense. A propositura foi de autoria da vereadora Jô Oliveira, que destacou a trajetória de vida e a contribuição cultural do homenageado para a cidade. O evento contou com a presença de artistas, familiares e amigos de Humberto, sendo marcado por momentos de emoção, músicas e declamações de poesias.
A solenidade teve início com uma apresentação musical de Cleiton Teixeira, integrante do grupo “Quem Tem Boca É Para Gritar”, que interpretou a canção Chega Junto, de Adeildo Vieira. O clima cultural da noite refletiu a própria história do homenageado, cuja vida sempre esteve ligada às artes e ao teatro popular.
Natural de Alto Santo, no Ceará, Humberto Lopes chegou ainda criança a Campina Grande, acompanhado dos pais e dois irmãos. Sua família, de origem rural, enfrentou as dificuldades impostas pela seca nordestina e buscou na cidade melhores condições de vida. Em Campina, Humberto cresceu e deu início à sua trajetória artística, conciliando o trabalho como mecânico de manutenção, após estudar no SENAI, com o envolvimento nas artes plásticas no Ateliê Livre do Museu de Artes de Campina Grande. Nesse espaço, ligado à Universidade Estadual da Paraíba, fundou com Josafá de Orois o movimento A Arte Somos Nós, que reuniu artistas locais.

Seu contato com o teatro surgiu no Colégio Estadual da Prata, sob a orientação de Eneida Agra Maracajá, mas foi mais tarde que mergulhou de vez na atuação teatral. Incentivado pelo irmão, dedicou-se integralmente à arte cênica e criou o Grupo de Teatro Experimental. Mais tarde, após participar de um Festival de Inverno de Campina Grande, onde conheceu o grupo de teatro de rua Imbuaça, decidiu que seguiria por esse caminho, levando a arte para fora dos prédios e tornando-a acessível ao povo.
Assim nasceu o grupo Quem Tem Boca É Para Gritar, formado por alunos dos cursos ministrados por Humberto no Colégio Estadual da Prata. O grupo utilizava uma sala no Museu de Arte, cedida pela UEPB, e ganhou destaque no cenário cultural local. Buscando aperfeiçoamento, o artista estudou na Escola Nacional de Circo, experiência que contribuiu para seu trabalho no teatro de rua. Ao longo da carreira, dirigiu o espetáculo da Paixão de Cristo e o Auto de Natal em João Pessoa, além de ocupar cargos de destaque na área cultural, como diretor do Circo de Cultura, coordenador de cultura da Secretaria de Educação e Cultura de Campina Grande, e coordenador de artes cênicas da FUNESC entre 2011 e 2015. Atualmente, atua como técnico de teatro na Fundação.
Durante a solenidade, a vereadora Jô Oliveira exaltou a importância de reconhecer personalidades que contribuíram para o crescimento artístico e cultural da cidade:

“Eu quero, em nome de todos os vereadores e vereadoras desta casa que votaram, de forma unânime, esse Título de Cidadania Campinense, que estamos entregando hoje, convidá-lo a ser esse cidadão Campinense; Reconhecidamente a partir desta casa legislativa, mas a gente sabe que a sua prática, sua ação, sua formação já o credencia nesse sentido. Então, parabéns por tudo que você fez por Campina Grande.”
A parlamentar concluiu o discurso reafirmando o reconhecimento ao homenageado: “Eu gostaria, em nome desta casa, de fazer essa entrega desse título de cidadania.”

Destacando seu veio artístico, os filhos de Humberto, Arthur Lopes Barros e Gabriel Lopes Barros, subiram à tribuna para homenagear o pai com declamações de poesias. Um trecho da poesia “Medo”, recitada por Gabriel, marcou a plateia:
“Do que você tem medo? De descobrir coisas novas? Ou de contar seus segredos? De alguns bichos peçonhentos ou de partir muito cedo? Alguns têm medo da morte, outros apenas da hora da partida. Mesmo não tendo muita sorte para poder temer a morte, eu aprendi a amar a vida.”
Ao fazer uso da palavra, Humberto Lopes relembrou sua trajetória e o papel transformador da arte em sua vida e na sociedade:
“A arte é a única possibilidade de mudar o mundo e mudar as pessoas. Hoje, só é possível mudar as pessoas com duas coisas, a arte e a educação infantil que vai gerar uma criança com outras possibilidades e outras perspectivas.”

Encerrando seu discurso, o artista expressou sua gratidão e o amor que sente pela cidade e pela Paraíba:
“Eu estou com certa idade e, durante todo o tempo, o meu grande sonho era um dia ser reconhecido como um cidadão campinense, um cidadão pessoense e um cidadão paraibano, porque a minha vida é isso, a minha vida foi sempre isso.”
“Ter esse Título, para mim é um grande reconhecimento e é uma coisa que eu agradeço profundamente.”
Atuando há mais de duas décadas na FUNESC, Humberto segue firme em sua missão de democratizar o acesso à cultura, levando oficinas e espetáculos aos municípios do interior da Paraíba. Como ele mesmo resume:
“A arte é para ser distribuída, é para você envolver as pessoas que não têm acesso e ir para os lugares mais distantes, para que aquelas pessoas tenham a possibilidade de ter contato. Isso para mim sempre foi o grande foco”.
Para acompanhar a sessão completa, acesse nosso Canal Oficial no youtube (@camaracgoficial). Confira também o andamento das matérias que tramitam no SAPL – Sistema de Apoio ao Processo Legislativo.
DIVICOM/CMCG