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Audiência Pública celebra Julho das Pretas e reforça a luta das mulheres negras



Foi realizada na noite desta quarta-feira (30) uma Audiência Pública em alusão ao Julho das Pretas, na Câmara Municipal de Campina Grande. A atividade celebrou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho, e teve como autora da propositura a vereadora Jô Oliveira. O Julho das Pretas é uma campanha criada em 2013 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, de Salvador (BA), com o objetivo de fortalecer a ação política das mulheres negras e ampliar a visibilidade da luta contra o racismo e o sexismo.

A data de 25 de julho foi instituída em 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana. No Brasil, o marco foi oficializado pela então presidente Dilma Rousseff, reconhecendo também a importância histórica da líder quilombola Tereza de Benguela. Desde então, o mês de julho tem sido um período de mobilização nacional por uma agenda de ações políticas e sociais centradas na realidade das mulheres negras.

Foto: Josenildo Costa

A audiência contou com um momento cultural conduzido pelas jovens Stan, Ana e Babina, que declamaram poesias de “Slam” – gênero de poesia falada com forte teor de denúncia social sobre os direitos das mulheres. Uma das performances teve como título “Ela não pede licença”, que dizia: “Ela não pede licença! Ela entra, ocupa, resiste. Não veio para agradar, veio para existir! É mulher preta, é mãe solo, é mina trans, é quebrada, é fogo que dança sem pedir permissão! Carrega nas costas um mundo que insiste em pesar, mas ela voa, mesmo quando tentam ancorar… Ela fala, incomoda, ela cala e duvidam, ela existe e já é protesto no sistema que a mutila…”

Durante sua fala, a vereadora Jô Oliveira destacou a importância da audiência como marco de resistência e valorização da história das mulheres negras. “Foi apresentado um requerimento, aprovado por unanimidade pelos vereadores (as) desta casa, para que nós tivéssemos esta Audiência Pública alusiva a 25 de julho, Julho das Pretas (…). Um grupo de mulheres se reuniu, há quase quatro décadas, e colocaram a importância de nós marcarmos as questões de gênero e raça para pensar na construção de projetos políticos e sociais e marcar a presença efetiva das mulheres negras”, afirmou.

Foto: Josenildo Costa

Jô também ressaltou o legado de Tereza de Benguela na luta contra as opressões: “Por conta disso, nós temos a referência de Tereza de Benguela, líder quilombola, como nossa lutadora, que marca essa data de luta para nós, enquanto mulheres, trazendo toda essa ancestralidade (…). Nós estamos sempre nesse processo de resistência para garantir o nosso direito de organização, de reivindicação, mas, acima de tudo, de construção de uma sociedade que também seja justa para nós”.

Foto: Josenildo Costa

A coordenadora executiva do Odara, Naiara Leite, defendeu o fortalecimento do movimento negro feminino e a necessidade de ocupar os espaços políticos: “É importante que agora, todas as mulheres negras, de todos os lugares e seguimentos, se organizem para que este ano a gente possa, mais uma vez, marchar (…). É importante que a gente vá lá (em Brasília) denunciar as opressões cotidianas que nós, mulheres negras, vivenciamos, especialmente, nesse território chamado nordeste do Brasil”.

Também participaram do evento lideranças de movimentos sociais e representantes de instituições acadêmicas. Mãe Iara trouxe um depoimento comovente sobre a violência de gênero e o sonho por um futuro mais seguro para as novas gerações: “Talvez eu não veja o mundo no qual a mulher possa andar na rua sem medo, sem se preocupar com a roupa que ela está usando; Se o jeans está muito colado; se o shorts está muito curto; se a blusa esta decotada; de trabalhar sem medo de voltar para casa e ser assediada, morta e espancada (…). Mas, as minhas bisnetas e tataranetas, eu tenho certeza, graças a esta luta que está acontecendo e essa juventude que está vindo com tanta força, vão ver! vão ver!”

Foto: Josenildo Costa

A vice-diretora da Universidade Estadual da Paraíba, Ivonildes da Silva Fonseca, relembrou o início da mobilização do Julho das Pretas: “25 de julho foi um grande ato que nós, mulheres negras, construímos (…). Não bastando, foi criado, na Bahia, o Julho das Pretas, que hoje está tomando corpo em todo o Brasil.” Já a assistente social Viviane Lira, do Centro Estadual de Referência da Igualdade Racial João Balula, destacou que “25 de julho não é uma data comum, qualquer. (…) Essa data carrega alguns significados históricos culturais e de luta”. Ela enfatizou a importância e urgência em combater o racismo em todas as suas formas e esferas da sociedade a qual vivemos.

Para acompanhar a sessão completa, acesse o Canal Oficial do youtube (@camaracgoficial). Confira também o andamento das matérias que tramitam no SAPL – Sistema de Apoio ao Processo Legislativo.

DIVICOM/CMCG



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