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A necessidade de um Retiro dos Artistas na Paraíba: dignidade para quem tanto contribuiu à cultura e ao jornalismo





A morte do jornalista, escritor e produtor cultural Carlos Aranha, aos 78 anos, nos obriga a refletir sobre a forma como tratamos aqueles que contribuíram de maneira incomensurável para a cultura e o jornalismo da Paraíba. Aranha, conhecido pela coragem e ousadia, e que marcou gerações com seu trabalho em defesa da liberdade e da democracia, passou seus últimos dias em um asilo, distante das homenagens e da dignidade que sua trajetória merecia. Seu velório, discreto e com poucas presenças, contrasta com o valor de seu legado.

Este cenário não é exclusividade de Carlos Aranha. Muitos artistas e intelectuais paraibanos, que dedicaram suas vidas a enriquecer a cultura e a informar a sociedade, vivem o fim de suas vidas em condições de desamparo. É uma triste realidade que vemos se repetir, e que exige uma mudança: a criação de um Retiro dos Artistas na Paraíba, um espaço onde esses profissionais possam viver seus últimos anos com a dignidade que lhes é de direito.

A iniciativa não seria apenas um abrigo, mas um verdadeiro centro de convivência, um local que preserve o espírito de produção e criatividade que sempre guiou a vida desses artistas e intelectuais. Um espaço onde não só encontrariam um lar digno, mas também atividades, oficinas e oportunidades de manterem-se ativos, de continuarem compartilhando suas experiências e saberes com as novas gerações.

Hoje, iniciativas como a Lei Canhoto da Paraíba e a Lei Livardo Alves já representam um esforço de apoio a artistas em condições de vulnerabilidade, porém, carecem de amplitude e alcance. Tais políticas precisam ser revistas, ampliadas e adaptadas para atender um número maior de artistas, jornalistas e intelectuais, criando uma rede de suporte permanente que ultrapasse o escopo de apoio financeiro e abarque uma assistência mais completa.

O desamparo de nossos maiores intelectuais e artistas é uma ferida que a sociedade paraibana carrega e que precisa de cura urgente. Que a morte de Carlos Aranha seja um marco, um ponto de partida para discutirmos com seriedade a criação de um Retiro dos Artistas, para que quem tanto contribuiu com sua arte, voz e ideais possa finalmente encontrar dignidade não só na vida, mas também na morte.

 

Feliphe Rojas
PB Agora