Mais de seis anos após o crime, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados pelo júri popular pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, nesta quinta-feira (31).
A juíza Lúcia Glioche leu a sentença do 4º Tribunal do Júri da Capital. Lessa recebeu pena de 78 anos e nove meses de prisão. Já Élcio foi condenado a 59 anos e oito meses de reclusão.
Além de multa, os dois vão ter que pagar uma pensão para o filho de Anderson até o menino completar 24 anos. Também deverão indenizar em R$ 706 mil, por danos morais, a viúva do motorista, a mãe e a companheira da vereadora e os filhos das vítimas.
Os réus confessos foram considerados culpados por todos os crimes que constavam na denúncia: duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves e receptação do carro clonado usado no crime.
O julgamento terminou após dois dias de depoimentos emocionados de familiares, interrogatórios dos réus por videoconferência e debates entre defesa e acusação.
No primeiro dia, nove das oito testemunhas convocadas — seis de acusação e duas de defesa — prestaram depoimento:
- Fernanda Gonçalves - assessora e sobrevivente ao ataque
- Marinete da Silva - mãe da Marielle
- Mônica Benício - ex-companheira da Marielle
- Ágatha Arnaus - viúva de Anderson
- Carlos Alberto Paúra Júnior - policial Civil
- Luismar Cortelleti Leite - policial civil
- Guilherme Catramby - delegado da Polícia Federal
- Marcelo Pasqualetti - policial federal
Em seguida, começaram os interrogatórios dos réus. O primeiro a falar foi Ronnie Lessa. Ele pediu perdão às famílias das vítimas e à própria família pelo crime.
Lessa disse que Marielle foi morta porque era “uma pedra no caminho” no loteamento de terrenos a milicianos.
O assassino confesso afirmou que lhe ofereceram uma recompensa de R$ 25 milhões para cometer o crime. “Eu fiquei cego”, disse Lessa.
Já Élcio de Queiroz declarou que foi chamado por Ronnie para dirigir o veículo no dia do crime. No entanto, ele disse que só descobriu que participaria de um homicídio quando chegou ao local do evento onde Marielle estava e viu o comparsa preparando uma submetralhadora.
Segundo dia de julgamento foi marcado pelo debate entre acusação e defesa
A Promotoria, que pedia a condenação máxima de 84 anos de prisão, sustentou que a intenção dos réus era eliminar todos os ocupantes do veículo devido à atuação política de Marielle. Para comprovar a tese, foi mostrada a análise das trajetórias das balas.
Já a defesa de Lessa pediu que ele fosse condenado apenas pelos crimes cometidos, negando motivação política.
A advogada de Élcio tentou atenuar a culpa do cliente. A defesa disse que ele agiu a pedido de Ronnie, sem conhecer a vereadora.
O crime
A vereadora Marielle Franco foi alvo de um atentando a tiros na região do Estácio, central do Rio, no dia 14 de março de 2018. A parlamentar voltava de uma agenda na Casa das Pretas, na Lapa, quando teve o carro interceptado. Durante o ataque, o motorista Anderson Gomes também foi baleado e morreu. Já a assessora de imprensa Fernanda Chaves escapou sem ferimentos da rajada de tiros.
Fonte: R7