A verdade, meu caro Paiakan, é que o fantasma da Operação Calvário está, se não diretamente, mas de forma subterrânea, permeando a disputa pela Prefeitura de João Pessoa.
Um vídeo que o ex-governador Ricardo Coutinho postou, recentemente, nas redes sociais, em que defende moralidade na eleição, e faz denúncias de associação do crime com a administração municipal, dentre outras traquinagens verbais, teve pouquíssimo efeito em favor do candidato Luciano Cartaxo (PT). Até pelo contrário.
O problema é que Ricardo Coutinho, que até pode ter aplacado um tanto de sua rejeição perante o paraibano, pelo visto não conseguiu ainda se livrar da tatuagem que a Calvário impôs em sua imagem. Além do mais, o ex-governador tem pouquíssima ou nenhuma autoridade para falar de moralidade pública.
E, diante de um cenário de desgaste, eis que Ricardo Coutinho ainda impôs a esposa, Amanda Rodrigues, como vice do deputado Cartaxo. Ou seja, carimbou a chapa de Cartaxo com o selo de sua rejeição. Não se pode perder de vista que a própria Amanda também foi citada em fases da Operação Calvário.
Cartaxo tem ficado claramente incomodado, quando é questionado por alguns jornalistas, se o apoio de Ricardo Coutinho, considerado pelo Gaeco (Ministério Público) como líder de um esquema que teria desviado milhões da Saúde, não estaria prejudicando sua campanha. Há uma visível irritação em suas respostas a respeito.
Desta forma, há quem suspeite que a rejeição recorde de Cartaxo, em torno de 49%, quase metade do eleitorado, segundo pesquisa Instituto Quaest e levantamento do jornal O Globo, teria uma relação direta com essa associação quase siamesa que ele estabeleceu, nos últimos tempos, do deputado com o ex-governador.
E talvez seja verdade, afinal nada explica tanto desgaste para quem deixou a Prefietura de João Pessoa, após oito anos, com elevado índice de aprovação. O que poderia justificar essa rejeição tão elevada? O fato novo foi a consórcio político que celebrou com Ricardo Coutinho, de quem, nem faz tanto tempo, chegou a ser adversário.
Se é verdadeiro que o desgate de Ricardo Coutinho contribue com a rejeição de Cartaxo, então, meu caro Paiakan, isso significa que o fantasma da Calvário segue rondando a praça política, e avivando memórias não tão remotas do que um bando foi capaz de fazer com o dinheiro público da Saúde, segundo o Ministério Público.
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