O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, afirmou nesta quarta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não apresentou resistências à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara. Ele também declarou que Arthur Lira (PP-AL), atual ocupante do cargo, disse que vai trabalhar a favor de Motta.
— O presidente Lula não apresentou resistência, disse que não interferiria no processo de escolha da Câmara. Disse que precisava conversar com o Hugo e apenas questionou se ele não era muito novo, por ter 34 anos. Disse a ele que eu era o avalista desta campanha. Já o presidente Lira disse ser uma boa opção e que trabalharia para viabilizar o nome — afirma Pereira em entrevista ao GLOBO.
Leia a entrevista
Em que momento o senhor decidiu abrir mão da disputa e por qual motivo?
É uma articulação complexa. O (Arthur) Lira colocou para mim que Elmar (Nascimento) era o único candidato do seu bloco, enquanto eu tinha dois adversários no meu. Para ter o apoio dele, eu precisava de uma unidade. Cheguei a conversar com (Antônio) Brito (PSD-BA) e Isnaldo (Bulhões, MDB) sobre o tema. Mas, na última hora, o Brito recuou. Apelei ao (Gilberto) Kassab, pedi ajuda ao Planalto e ao Tarcísio (Freitas, governador de São Paulo) para que convencessem o Kassab. Em todas essas conversas, o Kassab dizia que não era o momento de fundir as candidaturas, que poderia ocorrer à frente. E o Lira tinha um prazo. Eu percebi que não teria tempo para virar o candidato dele neste prazo. Com base nisso, levei o nome do Hugo (Motta) ao Arthur, já que líderes de vários partidos se diziam simpáticos ao nome dele.
Acha que o Hugo Motta vai conseguir unir o bloco?
Ele tem uma relação mais antiga e sólida com os líderes do que eu. Conversei com todos os partidos.
O senhor encontrou o presidente Lula na terça-feira e apresentou o nome do Hugo Motta. Qual foi a reação?
Estive com Lula e comuniquei que o plano de apresentar o Hugo poderia gerar um consenso. Lula disse que não iria interferir no processo e não apresentou resistência. Ele (Lula) me disse que precisava conhecer o Hugo melhor e que o considerava muito jovem. Mas concordou com a minha escolha e disse que eu precisava apresentar este plano ao Lira também, mas que por ele não havia objeções. Sei que nem o Lira nem o Lula querem uma disputa.
Já conta que ele será o favorito dos governistas?
Claro. Mas ele será um presidente independente, atento aos interesses da Casa, sempre preconizando a harmonia.
Como Lira reagiu ao nome do Hugo Motta?
Disse que precisava conversar com o Elmar e que ia trabalhar para viabilizar a solução que eu estava trazendo. Reforçou que tudo é uma questão de construção. Desde então, não conversei diretamente com Elmar. Mas o líder do processo de escolha é o Lira.
Hugo Motta atuou pelo impeachment de Dilma Rousseff e foi aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Isto gera mal-estar com o governo?
Isso está superado. O Elmar votou pelo impeachment, o PSD votou majoritariamente pelo impeachment, o Kassab foi ministro da Dilma e depois do (Michel) Temer.
As conversas entre o União Brasil e o PSD foram um ingrediente para repensar essa estratégia e lançar o Hugo Motta?
Óbvio. O PSD foi decisivo para a minha não viabilidade. Se eles podiam se bandear para o outro lado, eu preciso fazer os meus movimentos legítimos.
Acha que Elmar Nascimento ainda consegue se cacifar?
Prefiro não responder a esta pergunta, por gostar muito do Elmar.
Por O Globo