Vítima da negligência familiar e social e da normalização da violência, Maria Vitória, de apenas 15 anos, foi assassinada por Gilson Cruz de Oliveira, de 56 anos, no domingo passado, 14 de julho. O crime que chocou a Paraíba especialmente pela diferença de idade entre o assassino e a vítima, deixou escancarado o tamanho do descaso social em relação às meninas e adolescentes, que na falta de perspectivas de futuro, enxergam no casamento, o único caminho possível para alguma sensação de pertencimento.
O vislumbre sobre uma “vida melhor”, para a grande maioria das meninas e adolescentes criadas em ambiente majoritariamente conservadores, passa por um bom casamento, seja lá o que isso signifique. E pouco importa que tipo de consequência um casamento infantil irá representar em seu futuro: ela terá um marido, o que mais uma mulher precisa? (para quem não entendeu, contém ironia)
O programa ‘Fantástico’, da rede Globo, trouxe uma matéria especial na edição deste domingo (21), onde apresentou novos detalhes sobre o ‘relacionamento’ de Gilson e Maria Vitória, permeado por álcool, violências, e ameaças.
Maria Vitória cursava o 1º ano do Ensino Médio. Em 2022, ela começou a trabalhar na padaria de Gilson. E segundo a família dela, o relacionamento entre os dois começou poucos meses depois – quando ela tinha 13 anos.
Gilson levou Maria Vitória para morarem juntos em uma casa onde ela passou os últimos meses de vida. Lá, ele promovia festas com as amigas dela, regadas a bebidas alcoólicas – o que se tornou um hábito dos dois.
No dia do crime, Gilson e Maria Vitória estavam bebendo sozinhos, quando começaram a discutir por causa de uma brincadeira que ela fez com ele. E durante a madrugada, ele atirou na adolescente. Os policiais chegaram ao local do crime 12 horas depois, e encontraram a jovem morta.
O assassinato é o ponto final de um relacionamento que já gerava temor em Maria Vitória. Em um áudio obtido pela polícia, ela contou que já havia sofrido agressão de Gilson ao menos uma vez.
A mãe de Maria Vitória, que mora em São Paulo há dois anos, foi para o enterro da filha em Monteiro, e revelou que se arrependeu de não ter denunciado o relacionamento. Enquanto isso, a polícia investiga se Gilson cometeu o crime de estupro de vulnerável – segundo a família, a relação começou quando ela era menor de 14 anos.
Gilson Cruz foi preso horas depois do crime, em Brejo da Madre de Deus (PE). Ele já havia sido condenado em 2019 por lesão corporal dolosa contra a própria filha, à época adolescente, depois de uma discussão. A Justiça chegou a determinar a prisão dele, mas a pena foi substituída por prestação de serviços comunitários. Agora, a polícia investiga se o empresário mantinha relações com outras menores de idade.
A defesa do empresário nega que ele tenha cometido estupro de vulnerável, e diz que o investigado irá esclarecer os fatos perante a autoridade judiciária.
Assista a matéria completa através do link https://globoplay.globo.com/v/12775180/
https://www.vitrinedocariri.com.br/